Há já mais de 15 anos que o projecto da Variante de Vila Facaia (Pedrógão Grande) existe, as sucessivas promessas de concretização feitas pelos vários autarcas que têm passado pela edil camarária não têm vingado. O projecto tem sofrido várias alterações aos longo dos anos, já se ouviu de tudo um pouco, que a variante iria ter só dois nós de acesso (um no extremo mais a sul e outro no extremo mais a norte da aldeia), que o acesso à variante só poderia ser feito através dos nós de acesso, ou seja, não havia ligação possível entre a variante e as estradas que a viessem a cruzar, que a variante iria passar mais a nascente ou poente da sede de freguesia, etc… Julgo que a falta de informação existente também não ajuda à discussão nem ao esclarecimento de ideias, a única certeza que existe é que a variante irá ligar o nó do IC8 na Adega com a nacional EN 236-1 na Alagoa, por isso mesmo vou só abordar o projecto da variante num aspecto mais geral e não num aspecto tão pormenorizado como aquele que desejaria.
Resolvi só agora abordar este assunto, porque agora, e mais que antes, se voltou a falar que seria desta vez que o projecto da variante iria ser executado, pois seriam finalmente disponibilizados os fundos da União Europeia tão necessários para a concretização da obra. E é aqui que surge a discussão, será mesmo esta obra indispensável para a freguesia de Vila Facaia e para os Facaienses? (Nota: Como colaborador deste blog, e como referi no meu primeiro artigo, darei sempre a conhecer aos utilizadores do blog noticias e temas do interesse de todos nós, abordando-os de forma concreta e apartidária, e sempre que ache necessário dando a minha opinião pessoal, porque um blog vive disto mesmo, da discussão e debate de ideias construtivas). Sou categoricamente contra a construção desta variante, pelos motivos que passo a enunciar:
1-Os defensores da obra falam da necessidade de escoar o trânsito que passa por dentro da aldeia e do facto dos veículos pesados estragarem algumas casas aquando da sua passagem. Este argumento é completamente descabido, sejamos realistas e tenhamos um pouco de bom senso, o número de carros que passa diariamente em Vila Facaia é irrisório, e esses poucos carros que vão passando ainda dão algum fulgor ao comércio da aldeia, quer através de compras nos supermercados, padarias ou cafés. A construção da variante só faria com que a aldeia ficasse ainda mais triste e sem nenhum movimento. Quanto ao argumento dos camiões, será mesmo necessário construir uma variante para escoar a passagem diária de no máximo dos máximo 8 camiões? Julgo que não. Num caso extremo poderiam optar pela interdição da sua passagem por dentro da aldeia, os percursos alternativos acrescentariam no máximo 10 minutos de viagem.
2-Também se fala dos suposto desenvolvimento que esta variante poderia trazer para Vila Facaia, pois como já ouvi dizer, “as estradas são as artérias do nosso País” (gosto da analogia). Se assim é, que investimentos são esses? A resposta é sempre um silêncio ensurdecedor que me leva a pensar que ainda há quem pense que de alcatrão se desenvolve um país. Se assim fosse como estariam os nossos amigos Nórdicos que em muitos casos não têm um único km de Auto-Estrada e são uma das zonas onde podemos encontrar alguns dos Países mais desenvolvidos do mundo.
3-Este projecto, como referi no inicio, tem mais de 15 anos, quando foi pensado ainda o IC8 era uma novidade e a EN 236-1 não estava beneficiada, nessa altura ainda se poderia argumentar que a variante era uma excelente via de comunicação entre Castanheira de Pêra e o IC8, mas entretanto a EN 236-1 foi remodelada e hoje em dia esta variante tiraria no máximo 7 minutos de tempo para quem se quisesse deslocar de Castanheira de Pêra para o sentido de Pedrógão Grande no IC8, ou vice-versa.
4-Recentemente as estradas da freguesia de Vila Facaia foram todas alargadas e alcatroadas, pelo que não é pelo mau estado de conservação das mesmas que esta Variante será feita.
5-Há quem esteja de acordo com os pontos anteriores mas diga: “se os fundos europeu vêm, temos de os aproveitar”, ora lá está uma afirmação que vai ao encontro do artigo que publicámos recentemente, “20 anos de União Europeia, Soubemos Aproveitar?”, onde, entre outros, é discutido o caso dos fundos europeus que recebemos de Bruxelas e gastamos mal.
6-A construção da variante não beneficiaria em nada os Facaienses, estragando os seus campos de cultivo (o que é mau para uma zona que vive ainda muito de uma agricultura de subsistência) e a única riqueza que ainda possuem, a paisagem, já para não falar do fim da tranquilidade que esta variante poderia trazer, pois a sua proximidade com a aldeia iria tirar com certeza algum do descanso e sossego a que os Facaienses estão habituados.
7-Há alguns moradores que pensam, ou enganados ou levados por engano, que farão fortunas com a venda dos seus terrenos, certamente terão mais probabilidades de acertar no
Euro Milhões.
8-Porque não, em vez de se debaterem pela construção de uma estrada que pelo que se viu não traz grandes consensos e vantagens, tentarem melhorar o nível de vida dos Facaienses? Ocorre-me agora uma ideia (entre muitas), colocar por exemplo calçada ao longo de toda a aldeia, com iluminação e se possível passeios. É lógico que não é possível investir/transferir o dinheiro que é atribuído para uma obra X numa obra Y, mas não ficariam os Facaienses a ganhar se se gastasse tempo a tentar concretizar a obra Y em deferimento da obra X? Estando a obra X feita talvez seja mais difícil conseguir depois apoios para uma obra Y.
Não costumo aprofundar de uma maneira tão clara as minhas ideias e opiniões, mas julgo que este caso é um caso excepcional pelo que tomei esta liberdade.
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