Desta vez o Tertúlia do Pinhal decidiu homenagear o Blog AzinheiraGate. Um Blog bastante actual e com actualizações frequentes onde pode encontrar informações ambientais sobre a serra do Sicó e sobre a nossa região. O seu autor é João Forte, um jovem ambientalista que pretende mostrar ao País que também na nossa região há quem se interesse pelo ambiente e o defenda.
Site em Destaque para os meses de Janeiro a Março 2011: AzinheiraGate
Endereço web: http://www.azinheiragate.blogspot.com/
Autor: João Forte
Localidade: Ansião
Layout do Blog:
De seguida publicamos algumas questões que colocámos ao autor do blog Azinheira Gate.
Endereço web: http://www.azinheiragate.blogspot.com/
Autor: João Forte
Localidade: Ansião
Layout do Blog:
De seguida publicamos algumas questões que colocámos ao autor do blog Azinheira Gate.
Tertúlia do Pinhal (TP): Qual o intuito do Blog Sertã Princesa da Beira?
Azinheira Gate (AG): Genericamente o intuito do azinheiragate é o da defesa, promoção e valorização do património da região de Sicó, algo que pode ser efectuado de formas muito diversificadas. Neste caso específico, a intuição de Geógrafo é preponderante na determinação das formas e do modo como efectuo quer a defesa, promoção ou valorização deste mesmo património. É um blog de um para todos e todos para o património.
TP: Quando nasceu?
AG: O azinheiragate nasceu oficialmente em Fevereiro de 2008
TP: Quantas pessoas o gerem?
AG: É gerido apenas e só por mim, já que sempre pretendi imprimir um estilo muito pessoal ao azinheiragate. A particularidade do azinheiragate torna-o de gestão necessariamente "solitária".
TP: A que público-alvo se destina?
AG: O público alvo é vasto, desde jovens a menos jovens, pois a abordagem do azinheiragate pretende ser transversal em termos geracionais. O facto de promover uma linguagem simples, facilita que tanto jovens como menos jovens compreendam e assimilem os conteúdos que o azinheiragate desenvolve, alguns deles mais técnicos. Da experiência que tenho, este facto está demonstrado pelo feedback que tenho tido, já que tenho obtido feedback de pessoas dos 8 aos 80, quase que literalmente.
Importa também referir que o azinheiragate incide sob um público alvo indiferenciado em termos de habilitações académicas. Já recebi pedidos de informação variados, sobre questões patrimoniais, de pessoas sem a escolaridade mínima e de mesmo professores universitários (portugueses e estrangeiros), algo que comprova que o azinheiragate tem este mesmo público. Este facto é, para mim muito importante, pois o público alvo é o cidadão comum e não elites pseudointelectuais. Pretende-se acima de tudo demonstrar que o mais importante é a humildade e vontade das pessoas em defender e preservar o património da região de Sicó, é com esta humildade e sabedoria com que conto.
Infelizmente ainda é cultivada a imagem de que apenas licenciados e engenheiros sabem fazer coisas também na região de Sicó, quando afinal a sabedoria de muitos dos saberes ancestrais e do património da região de Sicó, vem de pessoas sem quaisquer habilitações académicas. A azinheiragate pretende desmistificar este estereótipo, apresentando os factos a todos, de forma imparcial.
TP: Qual é a média de visitas mensais?
AG: Apenas 10 meses após ter criado o azinheiragate coloquei um contador de visitas, por isso mesmo apenas posso fazer a média de visitas após Dezembro de 2008. Desde então o número de visitantes tem sido muito regular, tendo de Dezembro de 2008 até Dezembro de 2010 chegado ao número de 25000 visitantes, o que dará uma média mensal de 1000 visitantes.
TP: Quais são as metas e expectativas que delineou para o seu Blog?
AG: As metas e expectativas variaram desde o seu início, pois se inicialmente a ideia foi a de criar um blog local, para denunciar ilegalidades graves ocorridas em Alvaiázere, poucas semanas depois o objectivo era o de defender, promover e valorizar todo o património natural e cultural da região de Sicó, a qual abarca apenas o sector cársico dos concelhos de Ansião, Alvaiázere, Pombal, Penela, Soure e Condeixa.
Esta diferenciação obviamente trouxe consigo diferentes metas e objectivos, além de maiores responsabilidades. Inicialmente a meta era apenas a de expor factos concretos que tinham a ver com a destruição de património valioso, nesta fase as expectativas não eram muitas. Posteriormente, depois de definido o âmbito territorial mais abrangente, a região de Sicó, a meta foi a de obviamente continuar a expor situações graves de destruição do património. No entanto acrescentei novas metas, alargando o âmbito:
1 - Divulgar todo o património da região de Sicó, seja ele natural ou construído e divulgar a valiosa cultura desta região;
2 - Promover pontes entre ciência e sociedade, algo que tem faltado não só nesta região, mas também em Portugal;
3 - Apresentar ideias muito concretas para projectos que visem o desenvolvimento regional;
4 - Apoiar pessoas e entidades, públicas ou privadas, que pretendam inovar na região de Sicó;
5 - Informar e divulgar além fronteiras a região de Sicó, bem como os seus valores;
6 - Aprender sobre temáticas não relacionadas directamente com a minha actividade profissional, de geógrafo;
7 - Aprender e partilhar conhecimento com todas as pessoas que sabem algo do património e da cultura da região de Sicó
8 - Denunciar interesses corruptos instalados na região de Sicó, os quais ameaçam o património.
9 - Conseguir mais visibilidade em termos de imprensa local e regional, com vista ao reconhecimento do património regional.
Entre outras metas e expectativas, as quais estão em permanente evolução.
TP: Já as atingiu todas? Se não, quais e porquê?
AG: Ainda não atingi todas e sei que será uma tarefa que é impossível conseguir, no entanto tenho a plena noção que o contributo do azinheiragate no domínio da defesa do património da região de Sicó é já efectivo, pois já foram conseguidas vitórias importantes a vários níveis.
A defesa, promoção e valorização do património é algo que é contínuo no tempo, por isso é algo impossível de atingir, felizmente. Relativamente às pontes entre ciência e sociedade, já consegui construir algumas, algo que pessoalmente me dá muita alegria, já que quem ganha com isso é o património de Sicó.
Apresentei já várias ideias concretas, algumas delas estão já em desenvolvimento, significando com isto projectos novos. Posso adiantar desde já que daqui a 3 ou 4 meses será apresentado um destes projectos, falando em termos de produto, que servirá também como marketing territorial para esta região. Está também a ser elaborado um livro sobre questões patrimoniais, mas não posso adiantar, para já mais pormenores... Estes e outros projectos e ideias são inovadores e significam que o azinheiragate não é apenas mais um blog.
Tenho aprendido bastante com as pessoas que entram em contacto comigo. Um dos últimos contactos foi o de um professor universitário espanhol que pretendia informação sobre Sicó, para um trabalho sobre questões culturais. Posso falar também de pessoas que me pedem informações sobre onde fica património x ou y, é algo de fantástico poder dar a oportunidade a estas pessoas que conheçam o seu património, ou então ques estas me informe de algo que ainda não conheço, pois há sempre mais...
Sobre a denúncia de interesses corruptos instalados, tenho também conseguido algumas vitórias, algo que infelizmente já me trouxe algumas ameaças, mas que não me faz parar. Este tipo de gente não me mete medo, tenho os meus cuidados e isso tem resultado.
Sobre a visibilidade em termos de imprensa local e regional, excedi as expectativas. Isto porque jornais locais e regionais já deram visibilidade a várias situações que denuncio, algo que teve reflexos positivos na resolução de alguns problemas graves que afectam as comunidades locais. Também alguns sites e blogs o têm feito, algo de muito positivo para o património e cultura da região de Sicó. Quando digo atrás que excedi as expectativas, digo-o porque o programa da RTP2 "Biosfera" falou em 2009 (Janeiro) durante alguns segundos sobre o azinheiragate e o seu intuito, algo que considerei um prémio pela dedicação do azinheiragate à região de Sicó.
TP: Que acções toma para cativar novos visitantes?
AG: Fundamentalmente através da diversificação de temas e da inovação. Apesar de por si mesmo a defesa, promoção e valorização do património ser algo que cativa e traz novos visitantes, tento sempre trazer regularmente novidades ao azinheiragate, caso do recente projecto conjunto do Sicocartoon, que inclui também as personagens "Os gralhos". Este é um bom exemplo de como de uma forma inovadora e diferenciada se pode educar os visitantes para a questão do património.
Têm surgido pessoas que ainda não conheciam o azinheiragate e são da região de Sicó, algo que mostra que ainda há muitos potenciais candidatos a visitantes, os quais depois de conhecerem consultam o blog regularmente. Obviamente que o passa palavra tem também efeitos muito positivos.
TP: Tem algum tipo de receita publicitária?
AG: Não. Inicialmente ainda ponderei essa possibilidade, mas no final considerei que era algo que poderia desvirtuar de alguma forma o âmbito do azinheiragate, mesmo que pudesse trazer proveitos financeiros. Pessoalmente considero que seria negativo neste caso muito específico
TP: Se não. Numa zona onde o investimento publicitário é quase que inexistente, como pensa que os sites regionais poderão subsistir?
AG: A subsistência dependerá da tipologia dos sites, sendo cada caso um caso a analisar. Relativamente ao azinheiragate, este não depende de qualquer investimento externo para subsistir, o seu desenvolvimento é inteiramente por dedicação minha e não depende concretamente de investimento publicitário.
Penso que havendo qualidade os sites regionais concerteza subsistem, os sites com qualidade só acabam por eventual desinteresse dos autores após alguns anos, desinteresse que pode advir de falta de tempo (questões profissionais) ou desalento. O aspecto financeiro penso que é claramente secundário quando se fala em subsistência de sites regionais.
TP: O que significa para o seu Blog receber o prémio de “Site do mês” recomendado pelo Tertúlia do Pinhal?
AG: Significa mais um estímulo para continuar a defender, divulgar e valorizar o património da região de Sicó, algo que agradeço humildemente ao Tertúlia do Pinhal, reconhecendo-lhe grande valor enquanto site de referência.
TP: Já conhecia o Tertúlia do Pinhal?
AG: Sim, sensivelmente desde 2007, o qual acompanho regularmente, já que há algumas semelhanças nos objectivos de ambos e há uma área territorial que coincide entre ambos, Pinhal e Sicó, daí o meu interesse no Tertúlia do Pinhal. Importa conhecer a visão e opinião de outros para com isso discutirmos e aprendermos mutuamente sobre o nosso território.
TP: Quer deixar alguma mensagem para os nossos leitores?
AG: Cada vez mais os sites locais ou regionais se assumem como alternativa informativa credível e séria. Muitos destes sites são sites de qualidade, feitos por pessoas que têm conhecimentos muito profundos sobre temáticas importantíssimas que não são abordadas por mais ninguém, estando longe de sites meramente egocêntricos, virados para o culto pessoal e culto do supérfluo.
Em vez de perderem tempo com informação supérflua que circula de forma contínua na internet, invistam alguns minutos por semana nestes sites, vão ver que vos ajuda a serem pessoas mais alegres e a verem que a vossa terra é bem mais bonita do que pensam, quem tem lugares que nunca imaginaram tão bonitos.
Depois de observada muita da informação útil retirada dos bons sites locais ou regionais, vão ver que em vez de vos apetecer ir para o shopping perder tempo a tentarem parecer quem não são e a quererem o que não precisam e não vos faz feliz, vos vai apetecer um passeio, sozinhos ou com familiares/amigos/filhos, na Serra ou outros lugares fantásticos onde em tempos houve vida ou então onde ela teima em persistir. Vão ver que o que é belo é a árvore ou a planta, a casa de pedra ou a ponte de pedra e aqueles caminhos perdidos no tempo. Vão ver que falar com aquelas pessoas naqueles lugares esquecidos é de uma riqueza inigualável.
Vão ver que vão andar mais felizes por fazerem algo de útil por vós próprios em vez de perderem tempo a fazer passar o tempo.
Em tempos alguém me disse que já não era preciso tratar da horta e tudo o mais, que comprava tudo, mas agora a horta e tudo o mais é aquilo que nos sustenta (e sempre sustentou...) e que nos dá alegria ao sabermos o que comemos e ao vermos crescer dia após dia.
Viver no campo é sinal de progresso e não de atraso. O problema da crise não é devido à questão financeira, é sim devido à falta/desvirtuar de valores que nos guiem, a humildade, a simplicidade e a sabedoria são valores insubstituíveis. A falta de valores levou a tudo o resto e para vivermos bem não é necessário termos um bólide, um castelo ou uma grande conta bancária. Tudo o que precisamos é de saúde, sabedoria, paciência e amigos, o resto é com este belo planeta em que vivemos, só temos de o estimar...