29 maio 2007

Entrevista a Rui Silva, Presidente da C.M. Figueiró dos Vinhos

Faço de seguida uma transcrição integral da entrevista dada pelo Presidente da Câmara Municipal de Figueiró dos Vinhos, Rui Silva, ao jornal "Diário de Leiria"

“Dívida da autarquia atinge os cinco milhões de euros” Rui Silva, presidente da Câmara de Figueiró dos Vinhos, afirma que a dívida de cinco milhões de euros do município está controlada e que não irá prejudicar alguns dos compromissos eleitorais assumidos em 2005. O desenvolvimento económico do concelho em várias vertentes é uma das apostas da autarquia, como medida para captar mais investimento privado. O autarca critica o anterior executivo liderado por Fernando Manata, por ter descurado a vertente económica. Em entrevista, Rui Silva defende que a regionalização poderia dar mais força à zona Centro do País e contribuir para o desenvolvimento dos concelhos do Pinhal Interior
Diário de Leiria (DL) - Conseguiu ganhar uma autarquia tradicionalmente PS. O que esteve na origem dessa vitória?
Rui Silva (RS) - O que esteve na origem da vitória foi uma luta democrática que travei com um grupo de pessoas independentes e outras militantes do PSD, como uma vontade enorme de fazerem alguma coisa pelo concelho de Figueiró dos Vinhos, e, no fundo, é o corolário de uma luta que travámos há cerca de 15 anos. Devo dizer que perdi três vezes. Em 1993 integrei a lista em terceiro lugar, em 1997 em segundo e em 2001 em primeiro. Perdemos estes embates eleitorais, mas sempre a subir na votação. Como a democracia é o melhor sistema político que se conhece e a alternância democrática é de salutar, em 2005 o povo figueiroense entendeu que depois de 16 anos de trabalho do PS, que fez coisas bem feitas, deu-nos a oportunidade para demonstrarmos que também somos capazes de o fazer. Estou certo que no final do mandato saberemos responder perante os figueiroenses sobre aquilo que fizemos.
DL - Como encontrou a autarquia em termos financeiros?
RS - Em termos de dívida a curto/médio prazo, ou seja, a empreiteiros e à banca, atingia os cinco milhões de euros. Para saldar essa dívida era necessário um ano e três meses sem pagar os vencimentos aos funcionários e não fazer qualquer obra.Conheço municípios que em termos financeiros a situação está descontrolada, mas existem outros francamente mais desafogados em termos financeiros.
DL - Face a essa dívida, como tem conseguido fazer a gestão do município?
RS - Como ainda temos alguma capacidade de endividamento, recorremos à banca e dilatámos os prazos de alguns empréstimos. Uma câmara municipal tem que ser gerida como uma empresa, e, como a lei nos facilita dilatar os prazos de amortização, alargámos o prazo de pagamento dos empréstimos mais significativos de oito para 20 anos, o que nos deu algum desafogo financeiro. Para além disso, durante a campanha eleitoral comprometemo-nos aumentar as verbas destinadas às juntas de freguesia, que continuam a ser o parente pobre da democracia. Por isso mesmo, decidimos atribuir-lhes o mesmo valor que recebem da administração central. Dada a difícil situação financeira da autarquia é um esforço muito grande, mas é uma forma de descentralizarmos meios e competências para as juntas de freguesia, porque com essas verbas podem executar os trabalhos mais baratos e deixar os mais estruturantes para o desenvolvimento do concelho a cargo da autarquia.Acreditamos nas juntas de freguesia, independentemente da cor política, e estou certo que o trabalho se vai desenvolvendo de uma maneira mais descentralizada e mais justa.
DL - O valor da dívida pode impedir a concretização de compromissos assumidos durante a campanha eleitoral?
RS - A dívida existe e atinge os cinco milhões de euros, mas com o Quadro de Referência e Estratégia Nacional (QREN) estou convencido que vamos conseguir levar por diante o que prometemos ao eleitorado.“Saneamento é uma das bandeiras”
DL - Falou em projectos estruturantes para o concelho. Que projectos são esses?
RS - Queremos aproveitar as verbas do QREN e os contratos-programa que iremos celebrar com o Governo para aumentarmos a taxa de cobertura da rede de saneamento básico no concelho, que neste momento ronda os 25 por cento. Há hipóteses, através da empresa Águas do Centro, de darmos um empurrão nessa área com alguns projectos que vêm do anterior executivo. Efectivamente, o saneamento básico é uma das nossas bandeiras. Além do saneamento básico, a falta de emprego é um problema transversal à sociedade portuguesa e Figueiró não foge à regra. Já residiram 13 mil pessoas no concelho, mas actualmente a população residente ronda os 7 500 habitantes. Estamos a conseguir estancar a imigração para outras zonas. Embora Figueiró dos Vinhos não tenha tido muita vocação para a indústria, tem um parque industrial que queremos reconvertê-lo em parque empresarial. Actualmente só é permitida a instalação de indústrias naquela zona, mas estamos a alterar o fim para possibilitar a abertura de lojas comerciais e de serviços . É uma forma das micro-empresas se poderem instalar. Há uma vontade enorme de avançarmos com o processo, mas ainda não conseguimos por questões burocráticas. Os municípios de Castanheira de Pera, Figueiró dos Vinhos e Pedrógão Grande estão empenhados em construir um Parque Empresarial com dimensão para poder servir de alavanca para o Norte do distrito.A nível urbanístico queremos um concelho adaptado ao século XXI. Começámos a construção de uma avenida de acesso à Zona Industrial da Ladeira da Calça, que permite o acesso ao futuro Intermarché, e que é o pontapé de partida para alargar os horizontes de Figueiró. Queremos requalificar a Avenida José Malhoa, que permitirá o acesso ao edifício do Pólo de Formação do Instituto de Formação Profissional de Leiria (IEFP). Com a vinda de duas médias superfícies, está prevista a requalificação urbana do Centro Histórico, que irá beneficiar o comércio tradicional.
DL - Acredita que esses projectos podem ser executados durante o corrente mandato?
RS - A maioria destes projectos são para executar até Outubro de 2009. O único que não é possível executar na sua totalidade é a rede de saneamento básico, porque é uma obra para ser feita durante a vigência do QREN, ou seja, até 2013. Defensor da regionalização
DL - Quais foram as principais carências que identificou quando assumiu a presidência?
RS - A principal carência é o desemprego. Podemos resolver o problema através da criação de parques empresariais, colocando à venda os terrenos a preços simbólicos, e dar uma outra dinâmica ao Gabinete de Apoio ao Desenvolvimento Local (GADL), no sentido de apoiarem a fixação de empresas, e fazer ver às pessoas que nos concelhos do interior há qualidade de vida. Num estudo elaborado recentemente por uma empresa, o concelho de Figueiró encontra-se na sétima posição no distrito em termos de eficácia de gestão municipal e na 96ª posição a nível nacional. No índice de investimento municipal ocupamos o segundo lugar a nível distrital e no serviço de apoio às populações estamos no quarto lugar.No que respeita à questão ambiental estamos em primeiro lugar no distrito e em sétimo a nível nacional, num universo de 308 autarquias. Isto tudo para dizer que em termos de qualidade de vida, nas áreas ambientais e de segurança dá gosto viver nos municípios do interior.Estamos a 45 minutos de Leiria, a 35 de Coimbra e, desde que haja hipóteses das pessoas trabalharem no interior, vale a pena continuar a apostar nestas zonas. Para além disso, há um grande espírito de solidariedade entre os municípios do interior. Este ano a Praia Fluvial Ana de Aviz recebeu, pelo segundo ano consecutivo, a Bandeira Azul, uma vez que só foram atribuídas seis a municípios do interior. Isto é sinal de que vale a pena apostar no Interior devido à boa qualidade de vida Tal como acontece, por exemplo em Espanha, mais tarde ou mais cedo a regionalização tem de ser uma realidade. Por outro lado, temos de dar uma oportunidade aos jovens de chegarem mais cedo a cargos de responsabilidade nas autarquias e no Governo, e adoptarmos uma atitude de trabalho e seriedade, que nos é reconhecida no estrangeiro.
DL - De que forma é que a regionalização poderia resolver determinados problemas?
RS - Há um mês estive num encontro em Cáceres, Espanha, e verifiquei a dinâmica e o poder de decisão que as regiões têm. As cinco regiões plano em Portugal (Norte, Centro Lisboa, Alentejo e Algarve) com umas ligeiras adaptações poderiam resolver algumas coisas. Nos últimos 30 anos, Espanha mudou quatro vezes de Governo e nós mudámos 17. Os municípios já perceberam que só com parcerias é que conseguem resolver os problemas, mas as sucessivas mudanças de Governo não beneficiam as autarquias. Isto não nos leva a lado nenhum. Em Portugal tem-se pensando muito em sobreviver às sucessivas eleições, mas estamos a hipotecar o futuro. Se tivermos a coragem de enfrentar a regionalização, a Zona Centro terá outra força. Um País virado apenas para o Litoral, ainda por cima de costas para Espanha, torna-se mais difícil encarar o futuro.
DL - A acessibilidades são as suficientes para permitir uma maior aproximação entre o Litoral e os concelhos do Pinhal Interior?
RS - Há 15 anos que anda a ser falada a construção do IC8 entre a Figueira da Foz e Castelo Branco. As zonas entre Avelar e Pombal e Proença-a Nova e a A23 não têm nada de IC8. Temos tido sucessivas reuniões para a construção do IC3, vamos passar à fase de definição do traçado final, e só há duas hipóteses: ou passa na zona de Figueiró ou na zona de Avelar. Independentemente de ser uma ou a outra solução, é urgente que se defina e que o IC3 entre Tomar e Coimbra seja uma realidade, para que esta região fique cada vez mais próxima do litoral e de Espanha. Aliás, os espanhóis têm algumas estradas à espera que Portugal construa vias de acesso ao interior do País. PDM é um problema
DL - O Plano Director Municipal tem prejudicado o desenvolvimento do concelho?
RS - O Plano Director Municipal (PDM) é um problema e ainda bem que o Governo está apostar na simplificação destes planos. A revisão do PDM de Figueiró dos Vinhos e de outros concelhos vizinhos está em curso há cinco anos. Muitas vezes diz-se que a culpa é das autarquias e de outras instituições. Não interessa saber de quem é a culpa pelo atraso, o importante é que o processo de revisão seja abreviado, porque não se percebe a morosidade destes processos, que acabam por inviabilizar a execução de alguns projectos estruturantes para o concelho.Na freguesia da Aguda, por exemplo, alguns casais novos que se querem fixar não o podem fazer, porque quase todo o território está classificado como Zona Florestal. Muitos deles constroem em concelhos vizinhos e vejo-me impotente para evitar essa deslocalização das pessoas, e que acaba por contribuir para a desertificação das freguesias.
DL - Como acompanhou o desenvolvimento de Figueiró dos Vinhos nos últimos 20 anos?
RS - Na área social, cultural e desportivo fez-se um bom trabalho, mas na vertente do desenvolvimento económico pouco ou nada foi feito e em termos urbanísticos o concelho parou no tempo. Quem cá esteve fez coisas boas e outras menos boas, mas temos de apostar mais na área económica, quer na criação de espaços empresariais quer na revitalização do comércio tradicional. A prova disso, é que há dois anos Figueiró dos Vinhos estava em último lugar a nível distrital nos índices de poder de compra. Estamos inseridos num mercado aberto e temos que colocar definitivamente o concelho no mapa. Se apostarmos no desenvolvimento económico, mais tarde ou mais cedo a verdade vem ao de cima. Agora que não nos peçam para fazer num ano ou em dois o que não se fez em 20 anos, porque milagres só em Fátima e o último foi há 90 anos.
DL - Que balanço faz deste ano e meio de mandato?
RS - Um balanço positivo. Não digo que esteja tudo bem, mas implementámos a rede de novas tecnologias no concelho, o sistema de gestão da qualidade do município para servir as pessoas cada vez melhor. Outra aposta nossa passa pelo reforço do desenvolvimento cultural do concelho. No próximo ano queremos celebrar os 75 anos da morte de José Malhoa e, neste âmbito, estamos a tentar implementar a Rota de Malhoa, para que possa ser mais uma alavanca no sentido de colocar Figueiró dos Vinhos no mapa.

fonte: Diário de Leiria - http://www.diarioleiria.pt/12126.htm

26 maio 2007

Reabertura da Discoteca Inox


É a terceira vez que este empreendimento tenta vingar na nossa região.
Depois de uma primeira fase muito prometedora, que devido a variados factores acabou por não vingar, chegou o fracasso, fracasso que reinou até à bastante pouco tempo, altura em que foi encerrada a Dancetaria Inox.
Esta reabertura é uma espécie de regresso às origens, mas haverá força suficiente para vingar?
Uma coisa é certa, se aprenderam com os erros do passado têm tudo para ser felizes.

23 maio 2007

O caso Madeleine Mccann

O caso Madeleine Mccann, sinceramente este é um caso que já me afadiga.
Compreendo a angústia dos pais da criança, e percebo o interesse que demonstraram em usar a comunicação social para tentar reaver a filha para o seio da sua família, contudo não consigo compreender o enorme interesse mediático que todos os órgãos de comunicação social dão a este caso.
Segundo números oficias, no ano transacto, em Portugal, ficaram por descobrir os paradeiros de 30 crianças (menores de 11 anos), número bastante abaixo da média da União Europeia. Anualmente ocorrem milhares de desaparecimentos de crianças em todo o mundo, como é o caso do Darfur onde são raptadas por ano mais de um milhar de crianças, ou em África onde são pressionadas a utilizar armas de fogo.
Decadência da comunicação social, só assim consigo encontrar uma fundamentação exímia para a perda da noção de interesse público, e obscena vitória do sensacionalismo. Afinal, como pode o rapto de uma menina de quatro anos ocupar tanto tempo nos telejornais? Porquê esta histeria em torno de Madeleine McCann? Que tem esta família a mais que as outras 30 famílias que se viram confrontadas com o mesmo sofrimento no ano passado em Portugal?
O facto de serem Ingleses e estarem a passar férias em Portugal será uma razão suficiente forte para toda esta algazarra?
Para terminar, desejo que tanto a Madeleine, como qualquer outra criança desaparecida, seja resgatada e volte para o seio daqueles que realmente as amam.

13 maio 2007

Onda de assaltos em Pedrógão Grande

Parece que os assaltos regressaram à pacata vila de Pedrógão Grande.
Segundo os populares, as forças policiais são insuficientes e quando chamadas a intervir são completamente ineficazes.
Senhores políticos, repensem de uma vez por todas, sem demagogias, se o actual sistema de três concelhos, três postos policiais, é a melhor opção para todos nós.

08 maio 2007

Entrevista a Fernando Lopes, Presidente da C.M. Castanheira de Pêra

Faço de seguida uma transcrição integral da entrevista dada pelo Presidente da Câmara Municipal de Castanheira de Pêra, Fernando Lopes, ao jornal "Diário de Leiria"

Diário de Leiria - Em função do conhecimento que tem de Castanheira de Pera, como analisa a evolução do concelho nos últimos 12 anos?
Fernando Lopes - Podemos dizer que em Castanheira de Pera aconteceu uma revolução pacífica. Nos últimos 13 anos houve necessidade de mudar rapidamente a vocação do concelho, em virtude do declínio da indústria têxtil. Era um concelho predominantemente industrial ao nível dos têxteis e lanifícios e, neste momento, temos apenas duas empresas nesta área e outras de meias, de carácter familiar, e que urge preservar e acarinhar.
Tivemos que apostar noutras áreas e escolhemos, naturalmente, a área do turismo, porque, independentemente de ser uma área estratégica para o País, pensamos que temos condições invejáveis para o desenvolver. É nesta vertente que estamos a apostar e pensamos que grande parte do futuro de Castanheira de Pera passa pelo turismo. Costumamos dizer quer temos uma serra invejável, Deus gracejou-nos com boas paisagens, temos uma ribeira belíssima, que foi o motor da economia de Castanheira de Pera, porque todas as fábricas era movidas pela água da ribeira, e não é estranho o facto de Castanheira ser um dos primeiros concelhos a ter luz eléctrica distribuída ao domicílio.

DL - Que outros projectos estão previstos na área do turismo?
FL - O mais conhecido é, naturalmente, a Praia das Rocas, que é um investimento invejável em termos de inovação e de potencial para o desenvolvimento do concelho. Falo do investimento que foi feito em termos urbanísticos na vila, falo do investimento na rede de esgotos, cuja cobertura atinge os 90 por cento.
As pessoas não pensem que o facto do concelho ser pequeno é fácil de gerir. Nada disso. É efectivamente pequenino em área, mas também pequenino em receber verbas.
Depois temos apostado na criação de percursos pedestres na serra, e pensamos que deveremos reforçar a aposta nesta zona, porque temos outras praias fluviais ao longo da ribeira. A construção da Praça da Notabilidade, que é um espaço por excelência, porque tem potencialidades ao nível desportivo e cultural. Temos investido em várias áreas para qualificar os espaços e um concelho onde valha a pena viver.

DL - O único caminho a trilhar é na área do turismo ou existem outras de relevo?
FL - Independentemente de querermos apostar prioritariamente na área do turismo, não podemos estar virados apenas para este sector. Neste aspecto, temos, em conjunto com os municípios de Figueiró dos Vinhos e Pedrógão Grande, necessidade de apostar noutras áreas empresariais, que constituam uma mais-valia. Não me estou a referir à indústria, porque, com certeza, não será esse o futuro do País, quanto mais o de Castanheira de Pera, mas apostar em áreas de excelência e tecnologicamente mais avançadas.
A iniciativa que estamos a desenvolver com os outros dois municípios é a constituição de um Parque Empresarial Intermunicipal, que ficará localizada numa área equidistante dos três concelhos, junto ao IC8. O objectivo é vender os terrenos a preços mais acessíveis para atrair mais empresas.

DL - O investimento na Praia das Rocas criou dificuldades acrescidas ao município em termos financeiros para os próximos anos?
FL - Não. Temos um pouco o hábito de ver as coisas de uma forma miserabilista. Não dizemos, por exemplo, que a Praia das Rocas colocou o concelho na linha da frente da inovação, não dizemos que a praia tem projectado Castanheira de Pera dentro e fora do País e não dizemos, por exemplo, que a Praia das Rocas é um investimento de interesse local, regional e nacional.
A Praia das Rocas não contribuiu para os índices de endividamento do município, porque foi um investimento financiado pela União Europeia.

DL - Então qual foi a comparticipação da autarquia no projecto?
FL - Acha que podíamos ficar de braços cruzados à espera que o destino nos encontrasse uma forma de sobrevivência e deixarmos hipotecar o concelho? Como pontapé de partida para lançar o concelho noutros voos, não podíamos ter sido melhor.
O investimento feito constituiu uma mais-valia para o concelho, e não estamos nada arrependidos de o ter feito. O meu antecessor e eu não estamos arrependidos daquilo que fizemos, porque penso que o rumo traçado é o certo. Podemos dizer que a situação financeira do município não é boa, mas não é pelo facto de termos tido uma nova Lei das Finanças Locais que veio alterar as regras a meio do jogo. Estas alterações vieram causar alguns constrangimentos.
Não vamos baixar os braços, as pessoas estarão sempre na linha da frente das nossas preocupações e é pela qualidade de vida que teremos de lutar.
É natural que existam alguns projectos que sofram algum desvio ou atraso, mas não iremos abdicar deles e de continuar a investir num concelho de excelência para se pode viver com qualidade de vida e acima da média.

DL - A criação da empresa municipal para gerir o complexo da Praia das Rocas foi uma forma da autarquia conseguir mais verbas?
FL - Não foi uma forma da autarquia ir buscar mais financiamento. Pensamos que a gestão de todo o parque azul, bem como de outras infra-estruturas tem de ser feita de uma forma privada. Naturalmente que as autarquias têm vocação para criar estas empresas, mas a gestão é mais complicada.

DL - O desenvolvimento das freguesias tem sido o suficiente ou está aquém do desejado?
FL - A freguesia do Coentral é muito rural e pouco populosa, e tem sofrido um pouco com a crise dos têxteis. Tinha algumas empresas de meias, que por sinal encerraram portas e isso provocou a deslocação de pessoas. É uma localidade que tem muito a dar ao concelho. Tem fortes potencialidades e estamos a investir porque achamos que tem muito futuro em termos turísticos e na vertente do desporto aventura.


Governo desinvestiu no Interior


DL - Qual tem sido o trabalho do município na fixação de pessoas no concelho?
FL - Não temos dados subsídios para casamentos nem para nascimentos, mas temos apostamos noutras áreas que, essas sim, são verdadeiros incentivos à fixação de pessoas.
Há relativamente pouco tempo infra-estruturámos um loteamento com 53 lotes e que vendemos a cinco euros o metro quadrado, e temos criado outros loteamentos a preços ainda mais baixos.
Estes dois projectos têm constituído um incentivo para os jovens como para segundas habitações. Mas o maior incentivo é elevar os padrões de qualidade de vida para que as pessoas se possam fixar, designadamente a instalação da rede de saneamento básico.
Temos ar puro para respirar, uma qualidade urbanística acima da média, e isto é que são verdadeiros incentivos para as pessoas e para as empresas, embora nesta vertente os resultados não tenham sido os desejados, porque somos um concelho periférico.
Os sucessivos governos não têm acreditado muito no interior, têm desenvolvido políticas de verdadeira litoralização do País, e não têm criado nem descentralizado serviços com vista à fixação de pessoas. Continuamos a assistir a um aumento de incentivos à deslocalização das pessoas para o Litoral. Há concelhos do interior onde se tem melhor qualidade vida do que no Litoral e tudo está à distância de um ‘clic’.
O Governo não pode continuar a fechar postos da GNR, centros de saúde, estações dos CTT e escolas. Isso é não acreditar no interior. Isto é um problema de todo o Interior, mas continuamos a acreditar nas nossas potencialidades


Dez milhões de euros de dívida


DL - A situação financeira da autarquia é crítica. Em quanto está calculada a dívida?
FL - Fomos vítimas de uma alteração das regras ao meio do jogo. No início do mandato existia uma Lei das Finanças Locais e foi nessa base que elaborámos o nosso programação de acção para quatro anos.
Passado um ano e pouco, as regras foram alteradas e tivemos uma nova lei. Passámos de uma percentagem de 58 por cento da nossa capacidade de endividamento para 181 por cento. Estamos neste momento numa situação de sobreendividamento. Mas, naturalmente, tudo iremos fazer para resolver essa questão. Temos que apostar no corte de algumas despesas, mas não iremos deixar de continuar a fazer os investimentos que julgamos necessários.

DL - Qual é, então, a dívida do município?
FL - Neste momento são cerca de 10 milhões de euros. O último orçamento andou à volta dos 15 milhões de euros, mas é quase fictício porque temos de assumir todos os compromissos que vêm detrás.

DL - As dificuldades financeiras podem hipotecar a concretização de alguns compromissos eleitorais?
FL - Obviamente que podem provocar alguns atrasos. Se tivéssemos dinheiro, estaríamos em condições de avançar com determinados investimentos, mas, mesmo assim, não abdicaremos deles. Poderemos é prolongá-los no tempo, porque temos de definir prioridades em função das novas regras do Quadro de Referência e Estratégia Nacional (QREN).


Falta emprego e acessibilidades


DL - Quais são as carências do concelho?
FL - Um dos principais problemas é a falta de emprego, porque se tivermos emprego temos pessoas, e vice-versa. Uma das grandes oportunidades passa pela criação de Parque Industrial. Hoje em dia fala-se muito em parcerias e é isso que estamos a fazer. Não podemos ver os concelhos apenas na sua limitação geográfica, mas sim inseridos no contexto regional.
Penso que hoje, mais do que nunca, temos necessidade de estar em permanente contacto com outros concelhos, porque temos todos a ganhar com isso.
Uma segunda carência são as acessibilidades. Somos um concelho periférico, onde só vem quem tem que vir, por isso era fundamental desencravar o concelho. Lutamos há muito tempo por uma ligação entre Castanheira de Pera e Góis, que queremos inscrever essa prioridade no Plano Regional de Ordenamento do Território (PROT-Centro), o novo traçado do IC3 e a conclusão do IC8.
Em relação ao IC8, temos a informação que no segundo trimestre deste ano existem condições para se lançar uma melhoria do traçado entre Pombal e o Avelar, e entre Pedrógão Grande e Proença-a-Nova, e está em fase de concurso público a conclusão do mesmo traçado entre Proença e o nó do Perdigão. Está a discutir-se o traçado do IC3 e quanto mais perto passar por Castanheira melhor.

DL - Que balanço faz do ano e meio de presidência?
FL - Apesar de tudo, faço um balanço positivo. As coisas não andam à velocidade que queremos, estamos a construir as obras da Praça da Notabilidade, conseguimos financiamento para a construção de uma escola do ensino básico e de um jardim-de-infância. Pensamos que estamos em condições para avançar com a segunda fase da variante do Troviscal. Demos continuidade a todas as obras que herdamos do anterior mandato.

DL - Onde quer colocar o concelho até 2009?
FL - Onde nunca deveria ter saído.

fonte: Diário de Leiria - http://www.diarioleiria.pt/12037.htm

05 maio 2007

SAP de Figueiró do Vinhos não fecha, mas…

O serviço de apoio permanente de Figueiró dos Vinhos não irá fechar, pelo menos enquanto não estiver estabilizada a rede de urgências e o reforço de transporte de socorro da região.
Mais um tiro certeiro no ego do ministro Correia de Campos, que vem mais uma vez comprovar o mau planeamento de todo este processo. É cada vez mais peremptório que o ministro só tomou uma atitude de diálogo, alternativa à imposição/teimosia inicialmente demonstradas, depois das fortes manifestações levadas a cabe um pouco por todo o país.

Há boas notícias, segundo a Deputada Odete Santos (PS), que recentemente esteve reunida com o ministro da saúde, e passo a citar:

«…para a
tendimento de casos agudos oriundos dos concelhos de Pedrógão, Castanheira de Pêra, Figueiró dos Vinhos, Ansião e Alvaiázere está em estudo pela ARS Centro a possibilidade de contratar a prestação de serviços durante a noite», num local comum.


P.S.: Houve um problema com o serviço blogger, pelo que não nos tem sido possível colocar artigos com a frequência desejável. Pensamos, contudo, que o problema já está resolvido. Boas postagens