11 setembro 2006

Políticos Foguete nas auto-estradas

No passado sábado, o carro onde circulava o Ministro da Economia Manuel Pinho, foi apanhado a circular na auto-estrada Nº1, sentido sul/norte, junto da zona de Leiria, a 212km/h.
O Ministro da Economia invocou “interesse público” para justificar o excesso de velocidade, tendo assim unicamente sido identificado pelas autoridades e seguido a sua “calma” e “segura” viagem.
A justificação para o “interesse público” reivindicado pelo ministro, devia-se ao atraso que este levava para uma reunião com o presidente da Câmara de Matosinhos. Interessante justificação de “interesse público”, que só se aplica para alguns dos mortais, leia-se políticos de cargos superiores.
Segundo o código da estrada (Decreto-Lei 44/2005), "os agentes de polícia passam a poder desrespeitar sempre regras e sinais, independentemente da urgência da missão". Acresce que se alarga essa permissão “aos condutores de veículos em missão urgente de interesse público", não se encontrando, porém, regulamentado o que se entende por missão urgente de interesse público.
Vamos então definir alguns casos, na perspectiva do escritor, em que, por decreto de lei, deveria ser considerado “interesse público” quando se anda a mais de 200km/h na auto-estrada.

1) O Homem que vai atrasado para o seu emprego, é de interesse público que chegue sempre a horas para poder produzir mais para a economia nacional

2) O Homem que vai com pressa de chegar à casa de banho, não é de “interesse público” mas é de “interesse justificável” que não se desmanche pelo caminho

3) O Homem que vai ter uma reunião com o patrão. É de “interesse público” que não chegue atrasado, caso contrário é despedido tornando-se mais um fardo para a nossa segurança social

4) O Homem que está atrasado para apanhar o avião, comboio, barco, metro, etc… É de “interesse público” que o(s) apanhe, caso contrário poderá ficar bastante exaltado e alterado, fica a perder o sistema de saúde, porque como está provado cientificamente a grande maioria das doenças desenvolve-se devido ao stress, e pode ficar a perder o sistema judicial, nunca se sabe que tipo de loucura um Homem exaltado pode cometer.

5) O Homem que está atrasado para o seu casamento, é de “interesse público” que chegue a tempo e horas. A baixa taxa de casamentos e consequente taxa de natalidade daí inerente é uma preocupação de âmbito nacional e até mesmo europeu, como já foi referida pelo presidente da Comissão Europeia, Durão Barroso.

6) O Homem que anda a 250km/h na ponte Vasco da Gama, mostrando assim aos seus amigos que o seu carro anda mais que o deles. Hoje em dia a indústria de modificação automóvel emprega muitas pessoas, e sem mercado não há emprego, lá está o “interesse público”.

Esta história não é excepção à regra, parece mesmo que os nossos políticos têm um gostinho especial por desprezar o código da estrada. Uma busca muito rápida pela Internet relembrou-me alguns casos, não muito longínquos, de políticos “apanhados” pela polícia mas absolvidos pelo “interesse público” invocado. Transcrevo de seguida algumas histórias.

Um deputado do PSD, eleito pelo círculo do Porto, foi interceptado na auto-estrada, na zona de Coimbra, a circular a mais de 200 quilómetros por hora. O auto está no Governo Civil de Coimbra, ao qual Ricardo Almeida, de 31 anos, fez um pedido especial no sentido de lhe ser perdoada a apreensão da carta de condução. O problema é o historial de infracções graves e muito graves do político, que já foi autuado quase duas dezenas de vezes. Em quase todas teve a "sorte" de ver os processos arquivados.
O "deputado voador", como é conhecido nos meandros policiais, já foi autuado pela Brigada de Trânsito de Aveiro, Guarda, Leiria e Lisboa, pela PSP e pela GNR. Do seu "currículo" constam transgressões cometidas ao volante de pelo menos quatro carros distintos. Mas nenhum deles registado em nome de Ricardo Almeida.

Apesar do "azar" de ter sido surpreendido pelas autoridades a infringir o Código da Estrada, o deputado acabou sempre por ter "sorte", uma vez que os autos ou foram arquivados ou estão em vias disso.
Há pelo menos quatro multas que foram arquivadas por prescrição na entidade autuante. Isto significa que quem levantou o auto reteve-o durante pelo menos um ano em seu poder, sem o enviar à Direcção-Geral de Viação (DGV).

in Jornal de Notícias


São ministros... e grandes irresponsáveis ao volante. A TVI “caçou” muitas figuras políticas a violarem o Código da Estrada.
A ministra Ferreira Leite, além de “apertar” nos impostos, também “apertou” com o seu automóvel.
A “dama de ferro” contabilizou uma velocidade superior a 160km/hora na Ponte Vasco da Gama. A velocidade permitida é de 100 km/hora. A ministra não teve a mesma rapidez a atender o telemóvel, uma vez que ontem à noite esteve incontactável para fazer comentários à reportagem.
Pedro Roseta, ministro da Cultura, devia estar com pressa quando “varreu” a Marginal, da Cruz Quebrada a Algés, a mais de 115 km/hora. E o ministro da Educação vai ter de estudar melhor o código.
David Justino foi “caçado” a conduzir a 180km/hora na A1.
Semáforos para quê?
Nuno Magalhães, secretário de Estado da Administração Interna, também não escapou ao controle da TVI. Numa povoação, onde o limite é 50km/hora, Nuno Magalhães foi visto a conduzir a mais do dobro da velocidade. De acordo com o Código da Estrada, diploma que ele próprio aprovou, ficaria imediatamente sem carta de condução.
“Não comento notícias que não vi”, disse ao 24horas. Muita gente deve ter visto. Amílcar Theias, ministro das Cidades e do Ordenamento do Território, fez ainda pior: passou um sinal vermelho em plena rotunda do Marquês de Pombal, em Lisboa, depois de vir a circular, desde o Saldanha, a 80km/hora na faixa “bus”.
Por fim, Carlos Carvalhas ia no seu bólide a 200 quilómetros à hora na A1. O 24horas tentou ouvir o líder comunista mas o seu telemóvel estava desligado. Ou então, se calhar, ia numa estrada sem rede...

in 24Horas

Não lhes siga o exemplo, são políticos. Conduza com prudência.

1 comentário:

Anónimo disse...

Uns são portugueses de primeira, outros de segunda. Ouvi nas noticias que o ministro ia num jaguar. Pedem para apertar o cinto e andam de jaguar a 200 na auto-estrada, sujeitos a matar alguém.